25 Jun Paciente do SUS recebe transplante musculoesquelético no Pará
O Pará acaba de entrar na lista dos estados realizadores do transplante musculoesquelético. De forma inédita, a cirurgia de alta complexidade ocorreu na última terça-feira, 16, no Hospital Maradei, em um paciente do SUS: o professor Juan Paixão da Silva, de 40 anos, que reside no município de São Sebastião da Boa Vista, localizado na região da Ilha do Marajó.
Comandado pelo médico ortopedista e especialista em cirurgia de joelho, João Alberto Maradei Pereira, o transplante foi para reconstruir, de modo simultâneo, os principais ligamentos do joelho direito do paciente, que sofreu um acidente de moto em janeiro do ano passado. A cirurgia durou pouco mais de 03h e foi considerada um sucesso.
Segundo o ortopedista, Juan apresentou um quadro ideal para realização do transplante. “Quando não temos o enxerto do banco de tecidos, a alternativa é retirar os tendões dos dois joelhos do próprio paciente, quando ele autoriza. Ou seja, inclusive do joelho que está bom. Mas Juan rompeu três ligamentos importantes e, com o enxerto doado, a cirurgia foi realizada somente no joelho acidentado, sem retirar enxerto de nenhum de seus joelhos, o que é uma grande vantagem, pois o procedimento torna-se menos agressivo para o paciente, a cirurgia dura menos tempo e a reabilitação é mais rápida.”, explica.
O enxerto para o transplante chegou na noite da última segunda-feira, 15, em Belém, proveniente de São Paulo, do Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do IOT – Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Juan conta que, após o acidente, passou por tratamento do joelho e voltou a andar, mas ainda sentia muito desconforto no joelho, o que restringia algumas de suas atividades. Agora, com o transplante, ele espera recuperar a flexibilidade da perna, caminhar sem dor e voltar a jogar bola com os amigos.
“Espero voltar às minhas atividades normais, jogar um futebolzinho, pois tinha medo de jogar e piorar o joelho.”, conta com bom humor. Mas, antes de dar o primeiro chute, Juan precisará passar por um período de pelo menos nove meses de fisioterapia. “É a parte mais demorada do tratamento, mas é necessária para que ele se reabilite bem.”, ressalta o ortopedista.
Sobre o transplante musculoesquelético
O transplante musculoesquelético beneficia pacientes com perdas ósseas decorrentes de traumatismos graves, tumores, deformidades congênitas, lesões ligamentares das articulações, e em alguns casos de troca de próteses articulares, as chamadas revisões de artroplastias (sobretudo do joelho e quadril).
O material para o transplante inclui ossos, tendões, cartilagens, meniscos e demais tecidos responsáveis pela sustentação e movimentação do corpo humano. É proveniente de doadores e é captado, processado, armazenado e distribuído por bancos de tecidos. No Brasil, há apenas cinco bancos de tecidos (nos estados de SP, RJ e RS) para atender hospitais em todo o país.
Quem pode doar tecido musculoesquelético
Estão habilitadas a doar, pessoas entre 10 e 70 anos que não tenham tido doenças infecciosas (transmitidas pelo sangue), câncer ósseo e osteoporose avançada. A doação pode vir de pessoas vivas ou de cadáveres.
Número de pessoas beneficiadas com a doação
Cada doador pode beneficiar cerca de 30 pacientes, ou seja, serão 30 cirurgias realizadas, um número considerado alto pelos especialistas.
No Pará, o Hospital Maradei é o único habilitado a realizar esse tipo de transplante, após passar por rigorosas etapas de certificação no ano passado, envolvendo avaliação da Sesma, da Central Estadual de Transplantes – CET-PA e do Ministério da Saúde.
Fonte: Diário do Pará
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